relato de amanda berri

“Um parto nada romântico” – relato de Amanda Berri

Começo meu relato de parto explicando o título dele. Um parto romântico era tudo o que eu sonhava e idealizava na minha experiência de “dar à luz”. Chegado o grande momento, a primeira grande surpresa: as coisas não são como imaginamos e, sem você esperar, a vida te proporciona lições e aprendizados. Vou contar com mais detalhes e mais pra frente você vai entender…

Minha experiência de parto começa muito antes de ele realmente acontecer. Pra mim, o parto de fato já começou no momento das minhas primeiras decisões. Decisões estas que eu não sabia, mas, teria que bancar a finco até ele se concretizar e realmente fechar em um ciclo lindo de nascimento do meu maior amor.

A primeira decisão foi a mais fácil, decidir pelo óbvio, pelo natural, conforme regem as leis do meu corpo: quero sim um parto normal! Não queria me submeter a uma cirurgia para este momento mágico. Na minha cabeça, as duas coisas não combinam, se contradizem. A segunda decisão, também muito óbvia: eu precisaria de profissionais qualificados para que tudo acontecesse como desejado. Assim, cheguei às mãos do Dr. Carlos Miner e da Patrícia Bortolotto, como doula.

Dr. Carlos é um ser humano a ser estudado, fora do padrão dos profissionais médicos com os quais tive contato. Certo das suas escolhas, seguro e acima de tudo uma pessoa extremamente humana, com quem eu pude contar a qualquer momento e em qualquer circunstância, não só nesta gestação, aliás, principalmente em outros momento mais difíceis e incertos. A Patrícia? Não menos profissional, te conduz com uma tranquilidade e respeito dignos desse dom que a acompanha nessa profissão linda.

Voltando ao parto, depois de uma gestação muito tranquila e sem sustos, na madrugada de 19/09/2017, mais precisamente às 3h30, tive os primeiros sinais de que algo estava para acontecer. Dores intensas e pouco espaçadas, a cada 7 ou 10 minutos. Uma hora depois, o primeiro contato com a Patrícia para as primeiras orientações: bolsa quente. Não resolveu, pelo contrário. A vontade era de jogar a bolsa longe.

Entre um cochilo e uma contração, aguentei firme até de manhã. O cenário não havia mudado e um novo contato com a Patrícia indicava que um banho quente e relaxante ajudaria. De fato, a dor deu uma trégua de meia hora, mas voltou com tudo. A única forma que encontrei de amenizar a dor era andar pela casa. Um café reforçado ajudaria depois, no caso de um trabalho de parto longo.

Inseguros e já ansiosos, tomamos a decisão, depois de um rápido contato com o Dr Carlos, de ir para a maternidade para ver, de fato, qual era a situação. Chegando lá, às 10h, a primeira constatação de dilatação: 3 cm. A médica do plantão avisou o Dr Carlos e eu avisei a Pati.

Depois de 40 minutos assinando papéis na recepção, finalmente o quarto foi liberado para uma melhor preparação. O cenário era o mesmo: a dor estava intensa e pouco espaçada. Nessa hora, eu já nem cronometrava mais nada. A Patrícia chegou primeiro e logo me ajudou com exercícios na bola e caminhadas pela maternidade que ainda era o que mais amenizava a dor.

No primeiro exame do Dr. Carlos, a dilatação já havia avançado para 6 cm. Alegria e esperança! As dores persistiam e, nessa altura, já tinham aumentado bastante a intensidade, reduzido o espaço entre as contrações. A Patrícia sempre ao meu lado, na mesma rotina, bola e caminhadas pela maternidade.

Num novo exame de toque, por um pedido meu, Às 15h, os mesmos 6 cm de dilatação. Nenhuma evolução!

 

Anestesia!

Chega de dor sem evolução. A Patrícia insistia que esse não era o meu desejo, mas a decisão estava tomada e assim aconteceu no Centro Cirúrgico. Depois disso, foram inúmeras tentativas de força entre paradas para exercícios na bola. Meu bebê descia, mas não o suficiente para sair.

Depois de 3 complementos de anestesia (que dura apenas 1 hora), a decisão foi tomada pelo Dr Carlos: vamos ter que usar o fórceps para evitar a cesariana. Não! Tudo o que eu não tinha me preparado era para o fórceps. Mas eu confiei na decisão segura e firme do médico.

Alguns ajustes e puxadas, complementadas com a minha força traziam para a vida a minha Malu. Depois de algum tempo e força, nada dela nascer. Numa olhadinha no espelho já dava para enxergar os cabelos e o momento dela coroar, uma motivação a mais na força, mas nada do choro esperado. Novamente o fórceps precisou ser usado, agora para ajudar a nascer.

De repente, um cutucão da Pati (eu estava olhando no relógio). 18h55. “Amanda, olhe agora”. Era o momento do nosso encontro. Inesquecível!! Dá um arrepio só de lembrar. Que momento mágico, depois de tanto lutar, nós duas juntas.

Aquele corpinho quentinho e escorregadio veio para os meus braços. Alívio e alegria misturados com um sentimento de incerteza, ali mesmo, naquele momento louco: havia feito a escolha certa de parto? Seu rostinho ainda machucado pelo instrumento me trazia a dúvida. Sua saúde e a rápida recuperação me deram a certeza de que sim.

relato amanda berri

Minha filha, você escolheu o momento que viria ao mundo e eu escolhi te proteger deste mundo. Minha primeira escolha foi te respeitar, respeitar meu corpo e tornar mágico o nosso encontro. Por isso, dessa experiência toda, eu decidi guardar apenas a lembrança do nosso primeiro olhar e isso só foi possível porque no nosso meio não tinham panos, apenas profissionais preparados e seu pai nos apoiando.

 

Minha grande lição?

Nós não estamos a frente e no controle da nossa natureza. Esteja preparada para tudo, até para o que é ruim. Garanta apenas profissionais qualificados.

Meu aprendizado?

Guarde apenas os momentos bons das suas experiências. Eles que vão te motivar a ir além.

 

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