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Parto humanizado, empatia e respeito – relato de Danielle Rodrigues Dourado

Confira o relato de Danielle Rodrigues Dourado, paciente do Dr. Álvaro Silveira Neto, do Grupo Nascer.

Arthur foi planejado, muito desejado e aguardado. Desde o início li tudo sobre gestação e parto, e estava certa de que queria que ele nascesse da maneira mais serena possível, quando e como quisesse. Minha primeira consulta grávida foi com a minha ginecologista de anos, e saí de lá sem um pingo de confiança de que eu teria o poder decisório que sei ser meu por direito, e de que meu bebê teria os direitos dele preservados, especialmente o direito de vir ao mundo na hora que escolhesse. Assim, em meio a leituras e recomendações, cheguei ao Grupo Nascer e ao dr. Álvaro. Na primeira consulta a gente já sabia que tinha encontrado quem nos ajudaria a fazer essa linda passagem, de um casal para uma família.

Os meses seguiram na mais completa tranquilidade. Não tive nenhuma intercorrência, a escolha da maternidade foi natural, o plano de parto seguia sem grandes ambições ou fantasias. A orientação sempre calma e clara do dr. Álvaro me fez seguir pelas 40 semanas tralhando normalmente, dormindo bem, engordando dentro da média e com zero receio.

Chegamos às consultas semanais, barriga imensa, verão dando uma judiada nos pés que inchavam ao longo do dia e, a cada encontro, nos despedíamos com um: “Acho que nos vemos semana que vem”. Mas, no dia 5 de dezembro de 2017, uma terça-feira, acordei perto das 5 da manhã com o que acreditei serem contrações. Estava com 39+6. Fiquei um tempo no banheiro tentando ver algo diferente, corrimento, tampão, ou qualquer outra coisa, mas não vi nada. Voltei pra cama e consegui dormir mais uma hora e meia, e quando acordei não tinha mais dúvidas de que o que estava sentindo eram mesmo contrações. Avisei o Rogério e decidimos ficar em casa (trabalhei até o dia anterior sem nenhum problema), observando como evoluía. Falei com o dr. Álvaro às 9h, e quando ele pediu pra eu mensurar a dor numa escala de 1 a 10 eu disse 3, sem ter a menor noção do que ainda estava por vir.

Fomos até o consultório dele às 14h. Nos encontramos na escada – que eu já estava com bastante dificuldade para subir – e escutei o clássico e já famoso: “É… você não está mais com cara de paisagem”.

Eu estava com 5 de dilatação.

O veredito do dr. Álvaro foi de que o Arthur nasceria naquele dia, mas que eu estava super bem e tinha encarado metade do caminho em casa, o lugar mais recomendado. Então, poderia voltar pra lá e esperar mais um pouco ou ir para a maternidade; bastava avisá-lo que ele iria ao nosso encontro. Cheia de coragem e de certeza de que tudo se encaminharia dentro da normalidade, voltei para casa.

Lá, já meio “bicho enjaulado”, tomei dois banhos, tentei me alimentar, dei mais uma olhada na mala, fiquei fazendo exercícios na bola suíça e contando o tempo entre as contrações, até que avisei o dr. Álvaro que a dor tinha chegado em 7 e partimos na nossa última viagem a dois.

Dei entrada na Maternidade Curitiba com 7 de dilatação um pouco depois das 17h. Nossa querida fotógrafa, Luciana Zenti (Nascer em Foco), chegou junto com a gente. Pouco depois chegou o dr. Álvaro. Sala de parto adentro e começava minha maratona por todos os aparelhos e técnicas que me auxiliaram demais durante todo o processo. E uma ideia melhor de como a tal escala da dor funciona…

A bolsa estourou por volta das 19h, com 9,5 de dilatação, e todos achamos que dali seria super rápido. Mas não foi bem assim…

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Foto: Luciana Zenti | nascer em Foco

 

O mocinho estava sem pressa e quando coroou, o fez de lado, olhando para minha perna direita. A paciência e tranquilidade do dr. Álvaro não permitiram que eu ou o Rogério ficássemos nervosos  ou preocupados. Ele me orientou a cada instante, sugeria posições e aparelhos, dizia como eu deveria respirar, quando eu deveria descansar, explicava como estava o coração do Arthur… Eu entrei num transe e não vi a hora passar. Mas, depois de mais de duas horas em período expulsivo, ele lançou mão do vácuo para virá-lo para o lado certo, e então ele nasceu.

Eu, de olhos fechados e exausta, escutei lá no fundo uma voz que dizia pra eu abrir o olho. Identifiquei a voz, era do nosso médico, e obedeci. “Pega que o filho é seu”. O Arthur já estava com o rostinho no mundo, olhando pra mim. Ainda em transe, num misto de sensações que nunca vou conseguir explicar, eu pedi ajuda e ele repetiu: “É seu, pegue! Você não precisa de ajuda”.

Eram 22h58. Eu estava esgotada. O Rogério – parceria orgulhosa, firme, calma e segura, que não saiu do meu lado um segundo – também estava. O Dr. Álvaro também estava. A Lu também estava. Os tios, que fizeram prontidão do lado de fora durante horas, também estavam. O restante da família que esperava por notícias em casa provavelmente também estava. Mas eu, eu estava exausta e eufórica. Exausta, eufórica e mãe.

Foi o momento mais lindo da minha vida.

Meu filho nasceu forte, saudável, perfeito. Veio direto para o meu seio, e ficou lá durante longos minutos; recebeu os primeiros cuidados ali mesmo. Rogério cortou o cordão depois que ele parou de pulsar. A placenta nasceu pouco tempo depois e, apesar das quase 18 horas em trabalho de parto e do auxílio do vácuo no final, eu não tive nenhuma laceração e não precisei de um ponto sequer.

O dr. Álvaro ficou por lá ainda um tempo, se certificando de que estava tudo bem. Perguntou o que eu gostaria de fazer com a minha placenta e se podia “ajeitar” a sala de parto para que os tios entrassem.

O nome disso é respeito, empatia, profissionalismo e, especialmente, saber o seu lugar.

Nesse momento lembrei da nossa primeira conversa, aos três meses de gestação, quando ele me disse: “Parir é da sua natureza, você fará isso com ou sem mim. Eu estarei lá apenas para te ajudar, caso precise de ajuda”. E foi exatamente o que aconteceu.

Quando o Arthur tinha 2 dias de vida, ainda na maternidade, houve a suspeita de uma cardiopatia, e ele acabou ficando 15 dias internado na UTI. Foram os dias mais difíceis e doloridos de toda a minha vida. Só conto isso aqui, em meio a um relato cheio de amor, respeito e vida, porque o dr. Álvaro, mais uma vez, se mostrou um presente pra gente. Ele acompanhou todo o internamento, mandava mensagens e ligava pra saber como estava nosso pequeno. No momento oportuno fez questão de esclarecer qualquer dúvida que a gente poderia estar tendo, se existia alguma relação entre o parto e o pré-natal e o que estava sendo investigado no coraçãozinho do Arthur. Ou seja, puro carinho e acolhimento. Por fim, a investigação foi concluída e nada foi encontrado. Coração 100%. Logicamente compartilhamos a melhor notícia da vida com nosso obstetra.

Por tudo isso, decidi fazer esse relato. Contar um pouco da minha experiência em um parto humanizado – sem analgesia, sem cortes e sem um ponto sequer – e também agradecer a chance e a graça de ser assistida por profissionais tão competentes e respeitosos. Em especial,  dr. Álvaro Silveira Neto; sem palavras para descrever e agradecer o que fez por mim, Rogério e Arthur; seremos eternamente gratos.

Já se passaram 6 meses, mas não esqueço –  nem nunca esquecerei – daquele dia. Nada mais será como antes. Cada sorriso, cada conquista, cada escolha, cada lágrima, cada segundo. Tudo agora tem mais cor, mais vida, mais luz, mais graça, mais amor. Mais Arthur! Que sorte a minha!

 

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Imagens: Luciana Zenti | Nascer em Foco

 

Arthur Rodrigues Dourado nasceu no dia 05/12/2017, às 22h58, na Maternidade Curitiba, com 3.710Kg e 50,5cm. Papais Danielle Rodrigues Dourado e Rogério Dourado renasceram no mesmo dia.

Grupo Nascer

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