relato de parto de marina siqueira

“A contração faz parte do seu corpo, não pode ser mais forte que ele”

Relato de parto de Marina Siqueira
Médico: Dr. Alvaro Silveira Neto | Grupo Nascer
Doula: Tatiana Pereira
Fotos: Luciana Zenti | Nascer em Foco

Seria impossível começar a falar sobre o meu parto sem falar da preparação para ele. Quando descobri a gravidez, tudo era novo e, em relação ao parto, só o que eu conseguia pensar é que seria uma cesárea, agendada, sem sofrimento, e supercômoda. Engraçado é que quando começamos a pensar num serzinho antes de pensarmos em nós mesmos, a coisa muda de figura.

Começaram as pesquisas, a busca por informações, até que um título de uma entrevista me chamou a atenção: “relato do meu parto humanizado”. Era tão interessante que eu não conseguia parar de assistir. Meu marido, Allan (a peça chave de toda essa história), também se encantou com o esse tipo de parto e passamos a colher cada vez mais informações sobre isso.

Com 11 semanas de gestação, a obstetra que até então me acompanhava me disse ser impossível um parto normal, devido a um cisto pilonidal que eu tenho. Fiquei chateada e fui buscar mais uma opinião, mesmo já estando conformada. Eis que surge a pessoa que mudou a nossa concepção (minha e do Allan, meu companheiro incansável kkkk): Dr Álvaro Silveira Neto, do Grupo Nascer. Já na primeira consulta disse que nosso desejo do parto natural seria possível e nos conquistou com sua experiência e sensibilidade. Consulta após consulta ia nos deixando mais confiantes e felizes com nossa escolha, tirando absolutamente todas as dúvidas que tínhamos. Eu me sentia cada vez mais emponderada.

 

relato de parto de marina siqueira

 

Além do médico, outra pessoa que foi essencial nessa jornada foi minha doula e fisioterapeuta, Tatiana Pereira. Nos identificamos e criamos um vínculo desde o primeiro dia. Como ela me ajudou!!! Do começo ao fim, me ensinou vários exercícios para preparar a pelve e todo meu corpo para o grande momento. A gestação correu perfeitamente, sem nenhuma intercorrência. Minha saúde e a da Lívia estava perfeita. Quando completamos 36 semanas, minha ansiedade deu uma aumentada e a expectativa para o parto ficava cada vez mais forte.

Começaram as consultas semanais e nenhum sinal da Lívia querer nascer, apenas as contrações de treinamento que ficavam cada vez mais frequentes (5 ou 6 a cada hora). Entramos nas 40 semanas e eu já estava ficando aflita com medo de precisar induzir com ocitocina, e então não seria mais possível meu parto natural.

Parti para caminhadas mais longas, exercícios na bola de pilates com mais frequência e o terrível chá mexicano… no dia 15/08/18 (40 semanas e 1 dia) por volta das 22h senti uma dor no pé da barriga, mas não dei grande importância, dormi super bem e tranquila.

No dia seguinte pela manhã, percebi um sangramento discreto ao urinar e uma dor leve na barriga, fomos na hora para o consultório do dr Álvaro, que já nos esperava com todo carinho de sempre. Fiz o meu primeiro exame de toque da gestação inteira, super tranquilo, e durante o exame saiu uma parte do meu tampão, mas nenhuma dilatação, o que foi meio frustrante, pois eu achava que com tanta preparação a dilatação já teria começado.

O médico me orientou a ficar de olho na intensidade e intervalo das contrações, descansar e fazer acupuntura. Entrei em contato com a Tati, marcamos acupuntura para as 15h. Fomos pra casa, tomei o chá mexicano, descansei, me distrai, mais alguns exercícios na bola, saímos pra almoçar, passear em algumas lojas e as contrações cada vez mais intensas mas ainda sem um ritmo.

Na acupuntura eu relaxei ao extremo, me conectei com meu corpo enquanto eu, a Tati e o Allan ríamos e nos preparávamos para o grande momento. Eu sentia que estava próximo. Por volta das 16h30 chegamos em casa, tomei um banho maravilhoso, dormi, assisti tv. Por volta das 18h as contrações comeram a pegar ritmo, mas ainda bem distantes uma da outra e durando pouco tempo. Eu e o Allan estávamos extremamente conectados e sentindo uma alegria fora do comum.

Pedimos a nossa pizza preferida, colocamos a playlist que havíamos preparado pra tocar, ligamos o aquecedor (era um noite extremamente fria). Entre uma contração e outra tirávamos alguns cochilos, o que foi essencial pra conseguir ter força pra aguentar tudo.

Allan em contato direto com o dr Álvaro e a Tati ia passando todas as informações sobre o que acontecia. Optei por ficar só eu e ele nesse momento, e encontrá-los apenas na maternidade.

A intensidade das contrações era cada vez mais forte, e já estava durando 40 segundos, segundos esses que eu achava que ia morrer. Meu Deus, como dói! Parece que os ossos estão quebrando, nunca senti tanta dor na minha vida (até então). A única coisa que ajudava a amenizar era um banho quente. Então fiquei muito tempo no chuveiro. Era como uma montanha russa: quando a dor aliviava era uma sensação gostosa de prazer.

Nesse momento eu já não tinha mais controle do meu corpo, não sabia que horas eram, não tinha mais noção de nada. Me conectei com meu corpo e com a minha filha, rezava muito, pedia pra que Deus me desse força. O Allan me ajudava muito, fazia massagem na lombar e me ajudava a controlar minha respiração.

Contrações a cada 3 minutos, durando 40 segundos e eu só conseguia pensar no chuveiro, sem coragem de sair de casa. Estava crente que ainda tinha um longo caminho pela frente. Eu me interiozei e como um mantra eu pensava: “essa contração faz parte do seu corpo e não pode ser mais forte do que ele”, “aguenta firme que a Lívia está chegando”.

E então veio uma vontade absurda de vomitar. Eram 2h45 da manhã e a Tati disse que era a hora de ir pra maternidade. Me agasalhei bem, respirei fundo e fomos. Dr Álvaro já estava a caminho também. O trajeto até lá foi desesperador, realmente achei que fosse morrer e só pensava que queria chegar logo e pedir analgesia porque eu realmente não aguentava mais.

Não havia mais intervalo entre uma e outra. Chegamos na maternidade, o Allan encaminhou o internamento e eu segui pra sala de triagem, junto com a Tati. Eu só conseguia pensar na anestesia até a medica que me atendeu dizer que eu já estava com 9 cm de dilatação.

Eu não acreditei! Parecia um sonho que todo aquele sofrimento estava chegando ao fim, quase chorei de emoção. Fui direto pro centro obstétrico, tava muito frio e muito claro. Todos os que estavam me acompanhando estavam no vestiário e só tinha uma enfermeira comigo. Bem nessa hora minha bolsa estourou, veio uma vontade absurda de fazer força e me desesperei! Achava que a Lívia ia nascer e nenhuma das pessoas que eu confiava estavam ali!

 

Eu gritei tanto, mas tanto, que acho que acordei Curitiba inteira! Em alguns segundos todos estavam lá, meu marido, minha doula, a fotógrafa e o meu médico, que assim que chegou aqueceu o ambiente e deixou a luz baixa.

 

 

Sentei na banqueta de parto, o Allan sentou atrás de mim para me amparar, a Tati estava ao meu lado me dando a mão e o médico na minha frente. Começou o expulsivo, uma força absurda que vem lá de dentro, é impressionante como nosso corpo sabe como agir. Mas, para mim, essa fase foi a pior, sentia tudo arder, e eu só conseguia dizer que eu não daria conta, mas recebi o maior apoio de todo minha vida, e depois de algumas forças, a Lívia coroou, e só lembro de alguém falar que ela tinha muito cabelo. A dor aumentou, senti um círculo de fogo e então tirei uma força que não sei de onde veio, empurrei mais uma vez, olhei pra baixo e lá estava ela, linda, perfeita, cabeluda em toda inchadinha. Veio pro colo da mamãe e eu senti o melhor cheiro de toda minha vida. Um cheiro quente, doce é reconfortante. As 03:41 da manhã do dia 17/08/2018 eu renasci. Agora o mundo é feliz que você chegou Lívia! Obrigada por nos escolher como seus pais. Te amamos daqui até a lua.

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