autoconhecimento Kelly Pellanda

“O momento de maior autoconhecimento da minha vida” – relato de Kelly Pellanda

Desde que pensei em engravidar, sempre tive em mente viver a experiência de um parto normal. Não porque eu ache que esse ou outro seja o melhor, mas principalmente porque acredito que a melhor escolha de parto é aquela que a mãe se sente mais segura, dentro das orientações médicas, é claro.

Quando descobri que estava grávida da Valentina, procurei por um médico que seguisse a linha que EU acreditava. Queria ter a certeza de que o parto cesárea seria recomendado apenas se fosse realmente necessário.

Pois bem. Fiz meu pré-natal com uma excelente médica que me deixou clara a possibilidade do meu parto coincidir com as suas férias (sim médicos obstetras também tiram férias!), mas me sentia tão confiante com ela que sabia que no final tudo daria certo.

O tempo voa e, como previsto, a médica que me acompanhou durante o pré-natal saiu de férias. Neste dia ela me passou o contato da Dra. Camile Motta, disse que eu me acertaria muito bem com ela e que já haviam conversado sobre minha gestação.

 

A troca de médico

Apesar de saber que a troca de obstetra poderia acontecer, confesso que fiquei muito insegura neste dia, pois já estava de 38 semanas, com hipertensão gestacional e um edema de grau elevado.

Marquei minha primeira consulta com a Dra. Camile e, para minha surpresa, me senti extremamente segura e muito, muito mesmo, a vontade.

Logo após esta primeira consulta, ela me pediu alguns exames que repeti em 2 dias, e após analisar os resultados e verificar os riscos, por conta também da hipertensão, a Dra. sugeriu o internamento para indução do parto normal, o qual ela sabia ser meu desejo desde o início.

 

A indução do parto

Dia 29 de janeiro de 2016, eu e meu marido Alessandro, saímos cedinho de casa, tomei um bom café da manhã por orientação da Dra. e fomos para o internamento no hospital Nossa Senhora das Graças.

Sempre imaginei que sentiria muito medo a apreensão quando chegasse a hora da Valentina chegar. Mas eu estava inexplicavelmente calma.

Após todo processo burocrático de internamento, entrei no Centro obstétrico por volta das 8h30, quando foi iniciado o protocolo de indução. Eu cheguei ao hospital com apenas 2 cm de dilatação.

Meu marido terminou de resolver os trâmites do internamento e ficou o tempo todo ao meu lado, dentro do centro obstétrico, numa sala separada, com privacidade e acompanhamento ao mesmo tempo.

A Dra. Camile me examinou, inseriu o primeiro comprimido, me tranquilizou e disse que estava de prontidão. As enfermeiras estavam orientadas para chamá-la no caso de qualquer eventualidade. Ela disse que demoraria para eu entrar em trabalho de parto (hoje entendo bem este termo!!!) e que voltaria no começo da tarde para ficar comigo até minha pequena decidir chegar.

Neste intervalo, meu marido manteve contato direto com a Dra. Camile, que me autorizou a almoçar, a tomar suco de laranja e a comer gelatina, pois eu sentia fome e sabia que precisaria armazenar forças para mais tarde.

Ao retornar, Dra. Camile ficou o tempo todo comigo e meu marido. Apesar de não ter nada contra, optei por não ter doula, queria muito que meu marido participasse ativamente de todo o processo do meu trabalho de parto.

A Dra. me deixou extremamente à vontade, em ficar como me sentia mais confortável: em pé, sentada na bola de pilates, deitada… Com muita prudência, eu era examinada, a pressão aferida e o coraçãozinho da Valentina auscultado.

Cesárea, será?

Já eram seis da tarde e minha dilatação não evoluía. Eu já estava cansada, mas não queria desistir. Quando viu que não evoluía, a Dra. me disse que talvez precisássemos começar a pensar em uma cesárea. Perguntei a ela se podíamos tentar mais um pouco e ela pacientemente e com muita responsabilidade disse que aumentaria a ocitocina e reavaliaria.

Naquela hora, eu fechei os olhos, sentada naquela bola de pilates, e me concentrei de verdade em mim, no meu corpo e na minha filha. Desliguei do mundo, não escutava e não via o que estava ocorrendo ao meu redor. Pensei comigo: eu vou conseguir! 

Quando a Dra Camile foi me examinar novamente, eu estava oficialmente em trabalho de parto. Ela me disse: agora sim, é só questão de tempo!

A partir dali foi o momento de maior autocontrole, autoconhecimento e conexão que já experienciei em toda a minha vida. Estava muito concentrada no momento, no meu corpo. O apoio moral, a ajuda do meu esposo e as orientações da Dra. Camille passaram a ser fundamentais para que tudo transcorresse da melhor forma.

Próximo às 21h30 fui para 30 minutos de banho quente, preferi sentar em uma toalha no chão do que na cadeira e tudo foi sendo conduzido conforme a minha vontade e segurança.

Quando voltei do banho, lembro que já estava com 8 cm de dilatação. Aguentei mais um pouco e perguntei para a Dra. quando eu poderia pedir analgesia. Ela me respondeu que eu já estava no pico máximo da dor, mesmo assim eu tinha a segurança que a decisão era minha e então pedi para que fosse feita.

 

Sem fórceps, sem episiotomia, sem traumas e com muito amor

Com 9 cm de dilatação fui para o Centro obstétrico, a analgesia foi feita e então, meu marido pôde ficar comigo o tempo todo e participar de tudo.

Após analgesia, constatou-se que a Valentina estava transversa e talvez fosse necessário o uso do fórceps. Além disso, ela estava um pouco alta e talvez, por conta da analgesia, o parto se prolongaria por mais tempo.

Contudo, a Dra. instruiu um parto de lado, e para surpresa de todos, com poucas forças, as 00h17 do dia 30 de janeiro de 2016, nossa princesa chegou!

Sem fórceps, sem episiotomia, sem traumas e com muito amor… Ela veio direto ao meu colo e a Dra. ofereceu o cordão umbilical para o Ale cortar. Com as mãos trêmulas, lembro exatamente deste momento marcante em nossas vidas.

A emoção do primeiro olhar, do chorinho, e a gratidão por receber um presente tão precioso com tanto respeito, carinho e profissionalismo. 

Gratidão eterna Dra. Camile. Muito obrigada por fazer a diferença neste trabalho lindo de ajudar a trazer vidas ao mundo!

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