“Eu sei parir e meu filho sabe nascer”

Relato de parto de Karine Vieira dos Santos, paciente do Dr. Álvaro Silveira Neto, do Grupo Nascer.

Na sexta-feira, dia 6 de fevereiro de 2015, comecei a perder o tampão mucoso. Fomos ao hospital apenas no domingo e estava tudo bem com o pequeno. Fiquei tranquila, mas percebi que aquela semana poderia ser a que ele nasceria.

Na terça feira, dia 10, dia do meu aniversário de 26 anos, comecei a sentir umas dores depois do almoço.  Durante a tarde eu dormi, coisa que não fazia há algum tempo… acho que meu corpo já se preparava para passar a madrugada acordado.

Quando a tardezinha foi chegando, comecei a pensar que poderia ser o início, pois as dores aumentavam, tinham um período de maior intensidade e iam embora. Meus irmãos viriam jantar conosco, comecei a preparar as coisas e as dores começaram a ficar mais fortes, mas totalmente suportáveis. Comecei a anotar de quanto em quanto tempo elas vinham, mas em alguns momentos não percebia quando começavam, apenas quando já estavam no pico.

Próximo das 20h pensei em pedir a meus irmãos que não viessem, mas achei melhor deixar eles virem. Enquanto jantávamos, já não conseguia ficar sentada durante as contrações, tinha que ficar em pé, respirar fundo e me mexer. Ficar parada só piorava. E quando a dor passava era como se nada tivesse acontecido.

Liguei para minha doula, Patrícia Teixeira, que me indicou a primeiro ligar para meu médico, Dr. Álvaro Silveira Neto e depois tomar um bom banho e contabilizar para ver se as contrações ficavam ritmadas.

Liguei para o médico e ele, muito calmo, disse que poderia ser o início, mas que eu não deveria me preocupar. Se as contrações ficassem mais intensas e frequentes, aí sim deveria ir ao hospital.

Pedi para meus irmãos irem embora e fui tomar banho, fiquei bastante tempo lá. Foi ótimo! A dor ia e vinha, mas eu a sentia muito pouco. Fiquei lá, pedindo forças a Deus e repetindo para mim mesma, “eu sei parir e meu filho sabe nascer…”.

Depois do banho tiramos algumas fotos, pois poderia ser a ultima noite com o barrigão. Deitei. Eu e meu marido ficamos contando a frequência e a duração das contrações. Algumas chegavam a um minuto. Quando vimos que já estava com menos de 10 minutos entre uma e outra, percebemos pelas secreções que o colo do útero estava se dilatando. Fomos para o hospital às duas da manhã. No caminho, sentada no carro, a dor ficou pior, mas completamente suportável. É incrível o que a respiração profunda pode fazer.

Fui falando com minha doula por mensagens e me tranquilizei quando ela disse que já estava lá no hospital nos esperando. Ao chegar, tive que me apoiar quando a contração vinha e ali mesmo nos corredores segurava no pescoço do meu marido. Patrícia fazia massagens (que ajudaram muito por sinal) no meu quadril. Quando finalmente chegou um médico para me avaliar já estava com 8 de dilatação! Quando ele disse isso eu chorei de alegria! O pior (que nem foi tão ruim assim) já tinha passado e faltava muito pouco para ele chegar, seria mesmo naquele dia!! Dali a pouco seríamos mãe e pai.

Ligaram para o Álvaro e me mandaram para o centro obstétrico. Nesse momento fiquei alguns minutos sem meu marido e sem minha doula e sinceramente não entendo como algumas gestantes conseguem passar por todo o trabalho de parto sozinhas. Que sensação horrível. Conseguimos o quarto com chuveiro, mas não adiantou muito, fiquei pouquíssimo na água. Quando sentei embaixo do chuveiro já senti a bolsa próxima e a vontade de fazer força já começava.

Pedi para sair dali. Patrícia ajudou a me secar e a deitar na cama. Durante uma contração das fortes ouvi um ploft e algo quente! Patricia me acalmou: “calma, é a bolsa, quer dizer que o Vitor está mais perto.”

Me tranquilizei. Na próxima contração, ouvi alguém chegando do meu lado e segurando minha mão, era meu marido, ali do meu lado, agora só faltava o Álvaro. Percebi que alguém falava com ele ao telefone e que ele só chegaria em 15 minutos, fiquei apreensiva, mas deixei a coisa rolar, mesmo se ele não estivesse ali meu filho ia nascer.

Me ajeitaram na posição semi-sentada e por precaução chamaram outro médico, caso o Álvaro não chegasse a tempo. Quando percebi que o Álvaro havia chego, aí a vontade de fazer força veio com tudo e eu já não sentia mais dor. Apenas vontade de fazer força.

Senti os cabelinhos do Vítor e na próxima contração ele nasceu. Ouvi o Álvaro falar meu nome e abri meus olhos (que ficaram quase todo o tempo fechados) ele disse: “termina”.

Eu não entendi no primeiro momento, ele repetiu: “termina, pega ele”. Vitor estava lá. Terminei de tirar ele e o trouxe para perto de mim. A primeira coisa que falei foi: “meu Deus”! E pensava: “ele está aqui, de verdade, comigo, com a gente”. Como era liso, lindo e perfeito! Eram 4h16 da manhã. Ele sabia nascer. Rapidamente o cordão parou de pulsar, meu marido o cortou, ficamos ali, não sei por quanto tempo. Ele ficou pele a pele comigo e mamou… não consigo imaginar outro modo dele chegar a esse mundo. A luz estava baixa o ambiente calmo e eu exausta, parecia que tinha corrido 20 km, e ainda não acreditando no que acabara de acontecer.

Enquanto ficávamos com ele, a placenta saiu, o Álvaro me mostrou e fez os pontos, pois tive uma pequena laceração na pele, muito melhor que uma episiotomia, na qual até o músculo vai para as cucuias…

Depois de tudo isso, fui para o quarto e fiquei aguardando o pequeno com o pai dele, dali a uns 20 minutos eles chegaram e ficamos lá, os três.

Vitor nasceu no momento que quis, um dia depois do meu aniversário, com 37 semanas, 50 cm e 3.225 kg.

 

relato de Karine Vieira dos Santos

 

 

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