relato de stéfani hamm

Parto (sem analgesia!) após cesárea: é possível? –  relato de Stéfani Hamm

Conheça a força por trás deste lindo relato de parto de Stéfani Hamm, paciente da Dra. Camile Motta.

A chegada do Nicolas foi marcada por muita emoção. As semanas finais da gestação pareciam não passar. Às 38 semanas eu ficava apreensiva com qualquer possibilidade de nascimento.

A gestação do Nicolas, meu segundo filho, foi muito tranquila. Desde a primeira consulta com a Dra. Camile Motta já havia deixado claro a minha vontade de tentar o parto normal, mesmo após uma cesárea, mas que não criava nenhuma expectativa. Queria passar pelas dores de parto e deixar o Nicolas nascer no tempo certo. Também fui acompanhada por uma pessoa muito querida, a doula Patrícia Teixeira, a qual estava sempre pronta para responder todas as minhas dúvidas.

No domingo, dia 5 de março, lembro de ter sentido dores um pouco diferentes e avisei o meu marido. Esse incômodo era novidade para mim, então não sabia se eram contrações de treinamento ou contrações de verdade. Como uma brincadeira, comecei a contar o intervalo entre uma dor e outra: 10 minutos… depois 7…

 

A hora está chegando

Fomos, meu marido (Rafael), minha filha (Lorena) e eu almoçar em um restaurante em comemoração ao nosso aniversário de casamento (06/03). A Lorena estava muito quieta, mais carente. Dizem que as crianças sentem e mudam de comportamento quando o bebê está para nascer. À tarde ainda tivemos um momento gostoso em família, assistimos ao filme “Cegonhas”, fiquei bem emotiva, uma mistura de sentimentos: ansiedade, entusiasmo, medo, alegria.

As dores continuavam e desde cedo estava em contato com a médica e a doula. Pelo fato de ainda não ter perdido o tampão, ambas me tranquilizaram. A noite de domingo para segunda foi intensa, as dores estavam mais regulares e num intervalo mais curto. Fiquei muito tempo embaixo do chuveiro e tentei descansar, mas era impossível. Passei a noite em claro.

Na segunda, dia 6 pela manhã, fui à maternidade por indicação da médica, pois estava preocupada por não sentir mais os movimentos do Nicolas, e também devido às contrações regulares. Mais uma vez não criei muitas expectativas. Fiz o exame de toque e para nossa surpresa estava com 4-5 cm de dilatação. Eu realmente não acreditava! Nicolas estava dando sinais que estava pronto para vir ao mundo e meu corpo reagia para isso! Voltei para casa, tentei relaxar, mas não consegui. Chamei a Patricia para ficar comigo já que estava com dor e muito ansiosa. Fiz exercícios na bola e recebi massagem. Isso com certeza me deixou mais tranquila.

 

Milk Shake para o trabalho de parto!

Já no começo da tarde, fomos ao consultório da Dra. Camile, ainda estava com 5 cm de dilatação, não havia evoluído e eu estava muito cansada, então conversamos e decidimos fazer o descolamento de membranas. Foi um procedimento bem rápido e já após o procedimento a dilatação aumentou para 6 cm e o tampão saiu.  Eu saí radiante do consultório por algo, que para alguns pode parecer bobo, mas eu achei o máximo: ver o tampão. O tão sonhado momento estava se aproximando. A Dra. Camile indicou fazer algo gostoso, prazeroso, como uma caminhada ou comer algo saboroso. O dia estava quente, então, entre uma contração e outra, tomei um milk-shake delicioso. Ocitocina sendo liberada!

Como meu GBS havia dado positivo eu precisava internar antes. No meio da tarde fui à Maternidade Curitiba para iniciar o internamento. Fiquei no quarto fazendo exercícios da bola e tomando longos banhos. A Patricia estava comigo desde a manhã e me acompanhou em tudo. Meu marido também estava lá.

 

Rir para descontrair

Para aliviar a dor eu sonorizava um longo “AAAA” durante a contração. Meu marido, muito preocupado e atencioso, queria saber quando a dor passava. Então, quando a contração terminava, eu dizia qualquer outra letra que não fosse A. Isso foi motivo de risada e deixou o clima mais descontraído. Comentei com a doula: “se essas são as dores do parto as mulheres nem podem reclamar, é suportável”. Não sabia o que estava pela frente.

Final do dia e apenas 7 cm de dilatação. Que angústia! Aproximadamente às 20h optamos em colocar ocitocina. Mas, às 23h, ainda estava com 8 cm. Estava muito cansada, não dormia há 2 dias e então optamos em romper a bolsa. A partir do momento do rompimento da bolsa senti contrações muito fortes. Pedi analgesia como um pedido de socorro. Mas, sem entender muito naquele momento, a Dra. Camile afirmou que não seria necessário (após o nascimento ela me disse que pelo fato de estar muito cansada se tomasse analgesia não teria forças para o parto normal).

Quase sem forças… movida pelo amor!

Perto da meia noite, com 9 cm de dilatação, desci as rampas da maternidade até o centro cirúrgico. Eu não sei como consegui chegar até lá, pois estava bem fraca e com muita dor. Porém, essa caminhada foi muito importante para o Nicolas encaixar e o parto normal acontecer.

Ao chegar no centro cirúrgico lembro que as luzes brancas estavam ligadas e logo uma enfermeira veio fazer algumas perguntas. Eu suava muito e mal conseguia abrir os olhos. Assim que a Dra Camile chegou, ela me ofereceu um banquinho. Sentei. A luz já estava mais suave e logo tive vontade de fazer força. Rafael e Patrícia vieram às pressas.

Nicolas e eu trabalhamos juntos! O apoio do super marido foi essencial, assim como o cuidado da Dra. Camile, que mesmo grávida, sentou-se no chão para receber o Nicolas. Isso me chamou muita atenção!!! Assim como o apoio da doula que falava “você consegue” e da Dra. Daniele Peters que acompanhou o parto como amiga obstetra.

Em meio às dores cheguei a pensar em desistir, mas ao conseguir tocar a cabeça do Nicolas quando estava nascendo, tirei forças de onde não existia mais! Durante a parte expulsiva do parto fiquei com os olhos fechados, pois estava exausta.

Lembro que a doula dizia “abra os olhos para ver seu filho nascer Stéfani”. Eu abri e foi um momento incrível! Sim, eu gritei de dor, mas também gritei de alivio e alegria.

Meu marido cortou o cordão umbilical e pudemos ficar com o Nicolas por um bom tempo no colo. Um momento único.

Estava ansiosa para ir ao quarto e ficar com o Nicolas, no entanto mais um desafio surgiu: a retirada da placenta. A Dra. Camile foi muito atenciosa e durante aproximadamente 2 horas esperou a placenta sair. Era nítida a sua expressão de indignação, já que o parto fora bom e sem analgesia. A minha ida ao quarto foi adiada pela necessidade da realização de uma curetagem e transfusão de sangue, pois havia perdido muito sangue após o parto.

Apesar de tudo isso posso afirmar que a experiência do parto normal é única, incrível! Sou imensamente grata a Deus pelo nascimento do Nicolas e pelo cuidado que recebi antes, durante e após o parto.

 

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