Bárbara Dedavid

A chegada de Maria Alice

Relato de parto de Bárbara Dedavid, paciente da Dra. Juliana Chalupe Amado, do Grupo Nascer.

Dia 03 de abril completei as 40 semanas. Já tinha, então, passado a data prevista do parto. No meu WhatsApp eram só pessoas perguntando: e daí? Nenhum sinal? Não vai nascer? E eu tentando abstrair, não pensar em números e datas, precisava estar relaxada para rolar naturalmente. grupo nascer, grupo nascer curitiba, parto humanizado, parto humanizado em curitiba

Acordando na segunda-feira percebi algo diferente, meio gelatinoso ao fazer xixi: acho que é o tampão! Ou não? Por via das dúvidas vou esperar mais sinais… Sentia já há alguns dias aquela sensação da barriga ficando dura, as famosas contrações de treinamento. Estavam vindo agora com uma leve cólica, mas nada regular, nem perto disso. O dia passou, fui para o Pilates, na esperança: vamos estimular! Passou mais um dia, não foi hoje.

Borboleta na janela

Tinha visto pela manhã, na janela do quarto da Maria Alice, uma borboleta pousada. Borboleta, no sexto andar? Nunca tinha aparecido… Será este o sinal? Talvez a borboleta não indicasse o dia, mas que estava perto… Ela viria ainda naquela semana!

40 semanas e três dias, acordo 1h da manhã tendo uma contração: opa, essa foi mais forte! Aproveito que acordei e vou fazer xixi, sai uma gosma agora maior com traços de sangue. Penso: agora sim, certeza que é o tampão. Depois, falando com a Patrícia Teixeira, minha doula, cheguei à conclusão que ele vinha saindo há dias, aos poucos. Durmo de novo, acordo depois de 2 horas, com mais contrações. Muito cedo, dormi de novo. Às 5h, acordo com dores mais fortes ainda. Pensei: é oficial, estou entrando em trabalho de parto!

É hoje!

O Eduardo não vai trabalhar, estamos nos preparando para a chegada da Maria Alice. Levanto-me, coloco um top e um vestido, está calor e só quero estar confortável. E nada de calça, vai que ela resolve nascer? Hahahah, quem dera fosse tão fácil assim.

Era quarta, dia da Cida, nossa diarista vir. Tomo café e ficamos controlando o tempo das contrações. Vinham em cerca de 10 em 10 minutos. Marcava em um aplicativo e de tempos em tempos mandava a duração e frequência para a Patrícia Teixeira, doula. Ela pediu para chamar a hora que quisesse, mas falei que estávamos bem eu e o Eduardo só. Descemos para caminhar no prédio, em pé era melhor. Foi bom relaxar e conversar ao ar livre. Hora do almoço, mas não queria comer. Só algo leve, pode ser salada de frutas?

Fiquei na bola de pilates cronometrando as contrações e dando uma garfada entre uma e outra. À tarde cheguei à conclusão que não estava evoluindo. As contrações continuavam vindo, às vezes, de cinco em cinco minutos, mas não duravam mais do que 30 segundos. Patrícia me ligou, queria saber se eu não precisava dela. Falei que não sentia evoluir, a dor estava mais forte, mas não o suficiente. Ela falou que perto das 18h viria para cá. Foi bom. Chegando, ela conversou comigo e sugeriu a posição de quatro apoios com a bola, para intensificar o processo. Fizemos isso, senti que as contrações vinham mais fortes mesmo.

Nisso chega minha mãe e o Sherman já preocupados, pois sabiam que desde de manhã eu estava com contrações. Devem ter se assustado comigo apoiada na bola, em cima do sofá, tendo dores. Resolvo ir ao banheiro, muita pressão. Junto com o xixi sai um monte de sangue, muito mais do que aqueles do tampão. Vem Eduardo, minha mãe e Patrícia olhar. Resolvemos que era hora de ligar para a Dra. Juliana Chalupe, minha obstetra. Ela orienta: vão para o pronto socorro para examinarem e para vermos a dilatação. Na última vez que ela me viu, na segunda-feira, estava
com 4 cm de dilatação.

Dra. Ju sugeriu duas opções: ou continuaríamos esperando, ou induziríamos o parto. Optei por esperar a avaliação do plantonista para ver com quanto estava de dilatação.

Para o hospital!

Então fomos eu, Eduardo e Patrícia em um carro, e minha mãe no outro. Muito trânsito, era uma noite de calor em Curitiba, todos resolveram sair. Sentada no banco do carro as dores foram piores, mas pensei: bom sinal!
Passei pela triagem e o Eduardo respondia às perguntas durante as contrações. Eu não conseguia falar. O médico de plantão logo me examinou, fez o toque e deu a noticia que nem eu esperava.

Nove centímetros de dilatação!

“Liga para a Dra. Ju. Ela está vindo. Nem dá tempo de fazer internação, leva ela direto do CO”. Fui para o centro obstétrico sentada em uma cadeira de rodas e toda a turma me seguindo. Na porta, tiro as alianças, deixo-as com a minha mãe e ela se despede de mim com um beijo. Lá dentro me colocam a camisola, peço para prenderem meu cabelo, tá muito calor e vou fazer força!

Direto para o chuveiro
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Vamos para o chuveiro quente, alivia muito. Hora em pé, hora na bola, as contrações continuam, sai mais sangue.
Vamos tentar na cama? Difícil sair do chuveiro, mais difícil ainda subir na cama. Ficamos novamente nos quatro apoios com a bola, queremos que venha e venha, mais e mais. Nesta posição sinto escorrer mais coisas além do sangue, acho que a bolsa rompeu. Pensei: oba falta pouco! Mas nesta posição não estava evoluindo, vamos mudar. Fiquei meio de joelhos na cama, com as pernas abertas, mas não com a bacia aberta o suficiente.

“Vamos colocar a barra na cama?”, sugere a Patrícia. Sim, era uma cama PPP, própria para o parto. A posição que rolou era agachada de cócoras na cama e segurando a barra, para fazer força. A dor foi ficando muito maior, parecia que eu estava em outro lugar, não conseguia participar do mundo ali com as outras pessoas, era tudo meio nebuloso.

Dra Juliana diz: “vem, já dá pra ver a cabeça com cabelinhos! Coloca a mão, você vai sentir!”. Mas eu não queria largar a barra e nem parar de fazer força. Maria Alice tinha que vir!!!

Fiz muitas e muitas forças, algumas eram efetivas e outras não. Não dava mais para ter medo, tinha que fazer toda a força que pudesse, que o meu corpo mandasse. Não sei quantas foram, mas senti algo “preenchendo” tudo lá embaixo, estava saindo. Ardeu, parecia que ia estourar tudo ali embaixo, mas eu só queria que ela viesse logo para nós!

“Pegue ela para você!”

A cabeça saiu e a Dra. Ju falou: “pegue ela, puxe para você!”. Não sei como soltei da barra e puxei seu corpinho para o meu peito, com a ajuda do Eduardo. Nessa hora ouvi chorar. Ela estava aqui! Que quentinha, no meu colo! Minha filha chegou!

Eu estava muito feliz! Que sensação! Ela ali no meu colo e era minha! Enquanto a Dra. Ju dava os pontos na laceração fiquei com ela ali no meu peito… ela até mamou! Nem acreditei! Era muito amor e vem sendo, cada vez mais, a partir daquela hora, 22h59min do dia 06/04/2016.

A minha doula Patrícia Teixeira e a obstetra Dra. Juliana Chalupe Amado são as pessoas mais doces e queridas que me atenderam, em toda a minha vida, no momento mais lindo que já tive! Agradeço muito as duas e, principalmente, o meu marido Eduardo Palhano, por me apoiarem nesta decisão e na dura busca de um parto humanizado para a nossa filha. Sem eles não teria conseguido.

 

Bárbara Dedavid

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